20060130

Evolução Inercial

É intrigante observar como está se dando a evolução da humanidade nesses últimos tempos, principalmente quando a comparamos com os tempos passados.
Antigamente poucos eram aqueles que pensavam em como o mundo real era percebido, formulando teorias que ajudaram os cientistas/pesquisadores a, cada um em sua época, impulsionar o avanço da humanidade. Tais pensadores eram chamados de filósofos.
Porém, atualmente é comum vermos que uma área tão importante para a sociedade e para o avanço sofreu uma banalização generalizada, gerando pseudo-pensadores que escrevem obras inúteis influenciando toda uma nova geração que se ilude em pensar serem pensadores. Será que tantos assim são realmente pensadores? Questionando sobre as coisas fundamentais?
Dentre muitas frases em muitos dos livros que já tive o prazer e a oportunidade para ler, nenhuma me fez cogitar tanto quanto duas citadas pelo escritor Frank Herbert no livro "Os Heréges de Duna". Ei-las abaixo:

"A mente não apreende a realidade, ela a reconstrói. E toda reconstrução se torna um quadro externo de referência que inevitavelmente apresenta falhas."
E a outra:
"A disciplina não tende a libertar, mas sim a limitar. Não pergunte porquê, tenha cuidade com o como. O Porquê o leva inexoravelmente ao paradoxo. O Como o conduz a um universo de causa e efeito. Ambos negam o infinito".

Se analisarmos a primeira, vemos que o constante questionamento dos pensadores de antigamente sobre a percepção do real ainda continua sendo um grande objeto de estudos, mesmo que, ao que eu saiba, não haja muitos estudos nessa área ultimamente.
Ao analisarmos a segunda, analisando todas as áreas das ciências e engenharia, é fácil observar que as metodologias de pesquisa continuam as mesmas que há anos.
Podem-se perguntar que nenhum século teve tantos avanços quanto no século XX, ou talvez que a era do vapor (no século XIX) teve uma importância fundamental. Porém, analisando como foram descobertas as ferramentas que impulsionaram ambas as eras (vapor e elétrica/eletrônica), vemos que as respostas não foram obtidas através de questionamentos simples que iniciaram com "como" ou "porquê".
Não discuto a importância fundamental desses dois tipos de questionamento, principalmente para encorajar os jovens a questionar, mas continuar utilizando-os nos manteria nesse processo lento de evolução.
Podem me perguntar, então, como questionar. Bem, não sou filósofo para levantar modos de questionamento... e às vezes eu não questiono da forma tradicional, o que é estranho, pois jamais anotei como eu faço isso... simplesmente penso no problema e quando o questionamento surge é como se a resposta já estivesse alí, incutida na minha mente, algo que me lembra muito a questão da resposta para o universo, a vida e tudo o mais, de Douglas Adams... demora um pouco, mas funciona...
Quando se sabe como perguntar, as respostas aparecem facilmente, continuar questionando na forma tradicional é apenas ser levado pela inércia do modo de pensamento/raciocínio atual. Talvez a próxima evolução não seja a respeito de um invento físico, como a máquina a vapor ou a eletricidade, mas a respeito de se mudar o paradigma de raciocínio e questionamento dos humanos e da sociedade como um tal.
Enquanto isso eu continuo sendo um estranho numa terra estranha.