20041104

Duas épocas, um texto

"Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos, era a idade da sabedoria, era a idade da insensatez, era a época da crença era a época da incredulidade, era a estação da Luz, era a estação das Trevas, era a primavera da Esperança, era o inverno do Desespero, tínhamos tudo diante de nós, nada tínhamos à nossa frente, estávamos indo direto para o Céu, marchávamos direto na direção oposta" Charles Dickens - Um conto de duas cidades.

Um dos meus autores favoritos, com sua narrativa clara e de agradável leitura. O Livro um "conto de duas cidades", em conjunto com Oliver Twist e David Copperfield estão entre alguns dos melhores trabalhos literários que já lí. Não obstante, apenas possuo o primeiro desses: "Um conto de duas cidades".
Não me recordo de quando comecei a gostar de Dickens, provavelmente foi quando fiquei sabendo que a obra: "Um conto de Natal" era de sua autoria. Sempre gostei desse enredo, do velho ranzinza, mão de vaca e explorador que muda seu comportamento após (re) vivenciar seu passado, antever seu futuro e presenciar a época presente através dos três fantasmas do natal.
Escrevo esse justamente devido ao trecho que postei acima, texto de abertura do livro, que narra as discrepâncias da revolução industrial, que ocorria (e se iniciou) na Inglaterra, em comparação com a revolução Francesa, que não preciso dizer onde ocorreu. Porém, será que estamos, atualmente, tão longe assim do real sentido dessa frase?
Analisando o mundo, como o conhecemos, vejo o melhor dos tempos para os ricos, bem afortunados e "sortudos", enquanto que para o resto da população, eu inclusive, temos que trabalhar para sobreviver, enquanto que outros sobrevivem, a duras custas, sem trabalho. Certamente, para nós, não é o melhor dos tempos.
É a época da sabedoria, para aqueles que detêm direitos autorais e propriedades intelectuais que, sequer, foram criadas. É a época da insensatez, registrar uma propriedade intelectual sem sequer saber como construir, criar ou viabilizar o idealizado, sem sequer deixar que quem pode saber o faça. É a época da crença, dos pobres tolos que lançam suas vidas nas mãos de um ideal, levando a ciência a uma época mais cética e infrutífera devido a questões pseudo-éticas.
È a estação da Luz, a paz em regiões antes com tantos conflitos, porém com o mundo levando as trevas, para regiões, e não poucas, que pregam a paz entre os homens.
Estamos esperando a eterna (e terna) primavera, eternamente, mesmo que, ainda assim, estejamos no mais desesperado e gélido inverno.
Certamente, humanos ainda crêem estar em direção aos céus. Espero que sejam justos, quando descobrirem que estão indo exatamente na direção errada.